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domingo, 5 de outubro de 2025

Minha experiência com Pokémon Go (em 2025)


Eu gostaria de acreditar que todos os atuais leitores do blog viveram a febre que foi o lançamento de Pokémon Go, o joguinho de celular onde você caçava os monstrinhos na vida real, tinha incentivos pra caminhar, invadia propriedades privadas atrás daquele Shiny que você não pode perder, recebia oportunidades únicas de entrar para as estatísticas de furto de sua cidade, entre outras coisas divertidas que a vida proporciona. Se você por acaso não se lembra disso, é próvavel que, ao menos no momento em que escrevo, seja novo demais para estar lendo esse blog, o que é um pouco preocupante. Não que tenha algo de muito chocante ou disruptivo por aqui, mas, né, todo aquele papo de proteção da criança na internet e tudo mais...

Aí eu lembro que comecei a escrever aqui no auge dos meus 11 anos, o que meio que me torna um grande hipócrita. Mas, culpem minha versão do passado, a atual está totalmente isenta!!!!

 


Quando o jogo foi lançado, eu fui por todos os lados bombardeado pela vontade de experimentar. Como na minha infância meu principal console portátil foi um PSP, com o 3DS chegando em minhas mãos já na porta da adolescência, minhas experiências com os monstrinhos de bolso vinham de fora dos jogos, com o anime, o TCG, os bonequinhos e tudo mais. Meu primeiro jogo de Pokémon foi o PokéPark Wii, que na época era absolutamente mágico, é o primeiro jogo com o qual tenho memórias de zerar praticamente de uma vez só, eu peguei pra jogar e não queria parar, tava plenamente apaixonado por aqueles minigames e por finalmente ter um mundo onde eu de fato interagia com a série que na vida real me atingia por todos os lados. Eu acho que, como criança, foi até melhor ter pulado os RPGs, que são um pouco mais densos, e ter ido direto para a fronte mais interativa e colorida que a série podia oferecer. Uma coisa que provou essa minha teoria foi que recentemente emprestei pra um priminho de sete anos o meu Pokémon Violet, e ele ficou absolutamente entediado com a pouca interatividade nas lutas e a grande quantidade de texto. E, antes que alguém pense, é claro que cada experiência é individual e que existem crianças que no berço já estão fazendo resenhas do clássico de ficção científica "A Rainha do Ignoto", de Emília Freitas. Talvez eu não fosse uma delas, ele também não é.

Voltando ao lançamento de Pokémon Vá, a minha animação para jogar tinha um grande obstáculo; 

Meu celular simplesmente não rodava o jogo. Não lembro exatamente qual era o problema, na verdade acho que nunca nem fiquei sabendo direito, era algo com o GPS que o game precisava. O telefone que eu tinha era uma porcaria, era uma batata baroa, quase que literalmente. Chorei muito pro meu pai e acabei ganhando um novo, que era de uma marca completamente desconhecida e de procedência bastante duvidosa, mas que rodava Pokémon Go. Naquele momento, não tinha mais nada que eu desejava.

 


Aí, eu joguei até cair. Me lembro de sair com amigos pra caçar os bichinhos, de me frustrar pela pouca quantidade de PokéParadas perto da minha casa e também de andar sem rumo incessantemente pra chocar ovos em busca de um Dratini, que, no meu círculo era o Pokémon mais badalado, já que supostamente sua evolução final era o melhor boneco do jogo na época do lançamento. Admito que nunca conferi essa informação, mas todo mundo acreditava. Eventualmente, eu consegui pegar um, e coloquei ele de companheiro pra poder ter a maior quantidade de doces possível e evoluir logo, mas não cheguei nem perto.

O lance é que a Niantic errou bastante com o jogo nesses primeiros meses. Pelo tamanho que foi a febre e pela mobilização insana que rolou, era de se esperar que a desenvolvedora ia estar a todo vapor procurando formas de manter sua audiência e a expandir, mas meio que não foi o que aconteceu. No lançamento, só estavam disponíveis os Pokémon da primeira geração, e foi uma demora absurda pra começarem a AOS POUCOS liberar monstrinhos de outras, e, além disso, não era apresentada nenhuma novidade relevante, o que, quando passou o vislumbre inicial que todo mundo tinha, acabou dando a impressão que a gente tava jogando uma beta glorificada, e, olhando pra como o jogo é hoje em dia, meio que se provou uma verdade. O resultado não foi outro, todos os meus amigos foram aos poucos parando de jogar, e eu os acompanhei, apesar de ter insistido um pouco mais. É comum em jogos de celular que eles tenham o seu momento e depois esfriem, a gente já conhece essa história com 500 atores diferentes, só que, com o Pokémon Go foi muito rápido, e algumas estatísticas mostram que a experiência não foi individual.

E é óbvio que o jogo não morreu, seria uma ignorância da minha parte vir aqui e afirmar isso, praticamente um exercício de egocentrismo onde eu afirmaria categoricamente que só o que eu enxergo importa, coisa que eu particularmente acho linda, mas que, no momento, não convém. Sua comunidade foi se afunilando, e quem ficou realmente era super apaixonado. A desenvolvedora começou a acordar, e aos poucos ouvíamos notícias de diversas coisinhas novas sendo adicionadas em um game que novamente parecia em movimento. Nesse meio tempo, eu vivi uma vida relativamente feliz onde os Pocket Monsters™ eram parte integrante dela de diversas formas, mas nenhuma era esse joguinho de celular. O tempo passa, e obssessões se tornam memórias, que gradativamente se embaralham na selva do cerébro humano.

 


Corta para o saudoso ano de 2024. Ah, como sinto falta destes singelos tempos!

A imagem acima marcou um dos videojogos que mais me surpreendeu no ano passado, o Pokémon Legends Arceus. Fui um grande fã de Pokémon Sun quando ele foi lançado, inclusive esse blog ainda é casa de uma análise super positiva do game, que eu escrevi em 2017 e tenho certeza que não deve ser tão boa e completa como me lembro. Depois, foi o tempo da vinda do Nintendo NX e seu polêmico Pokémon Sword/Shield, fazendo um alvoroço absurdo na internet pela qualidade dos gráficos e por terem diminuído exponencialmente a Pokédex. Quando joguei, eu admito que achei boa parte das reclamações um grande exagero, mais um caso das rede sociais e do ambiente virtual nada saúdavel da modernidade tornando as coisas muito mais sérias e problemáticas do que elas de fato deveriam ser. Sword/Shield não é um grande jogo, por mim não entra nem de perto nos melhores da franquia e também foi muito modesto em seus esforços para fazer algo diferente, no entanto, ele tá longe de ser uma porcaria, na verdade, é bastante divertido. Tem bons personagens, muitos dos novos monstrinhos são legais e o Dynamax, apesar de parecer bobo, ficou bastante maneiro na gameplay e posteriormente mostrou que veio pra ficar na franquia.

Não obstante, é inegável que não ia rolar ficar jogando seguro com jogos como esse sem evoluir com as gerações. Pokémon é um gigante, mas ninguém é imortal, nem pessoas e nem conceitos, há de se provar. Legends Arceus veio como a inovação que a franquia precisava, com um mundo aberto expansivo e interativo, história mais elaborada e que mexe com o rico background dos monstrinhos e mudanças na gameplay que deixam os jogos mais próximos do público moderno sem o afastar do que a consagrou. Foi o primeiro jogo da franquia que realmente me incentivou a completar a PokéDex, e passei mais horas do que gostaria de admitir correndo pelos seus campos de grama. É claro que alguns problemas continuam, principalmente em relação aos gráficos e a performance, mas, em meu ponto de vista, o passo mais importante foi dado.

E, é aí que entra o Pokémon Go de novo, e chegamos ao que simultaneamente é a parte final do meu texto e sua parte principal.

 

 

A verdade é que pegar todos os monstrinhos no Legends Arceus não é tão intuitivo quanto pode parecer. Em alguns específicos, requer um pouco de sorte e estar no lugar certo na hora certa, o que admito que não me agrada tanto. Sou jogador de Xenoverse 2, eu sei bem como ter que ficar repetindo coisas à exaustão pra pegar aquele item que você precisa pode ser mais cansativo do que assistir a um Maricá Vs Boa Vista na Série D do Brasileirão. Pensando em poupar meu tempo, me lembrei que o Pokémon Go existe.

O jogo permite que eu transfira meus monstrinhos para os games de console, o que poderia me ajudar. Eu não lembrava exatamente do que eu tinha nele, mas lembrava que tinha bastante coisa, e poderia rolar de eu achar algo que me ajudaria no Arceus. Eu baixei o jogo de novo simplesmente com essa intenção, sem nenhuma vontade de voltar a jogar regularmente ou de estar em uma madrugada escrevendo um texto sobre ele. Como a vida é engraçada...

Me deparei com uma evolução absurda. Agora com todas as gerações disponíveis, com elementos de todos os games da franquia e com mais que o triplo das PokéParadas e dos ginásios que existiam na época que parei. Era como reencontrar um velho amigo e ver que, enquanto você sabia que ele tinha mudado de vida, ele na verdade estava BEM melhor do que você sequer poderia imaginar. Comecei a pegar novos monstrinhos, me envolver nas batalhas com a Equipe Rocket e no online, e, rapidamente, eu estava de novo preso naquele mundo. Hoje eu tenho bem mais liberdade, saio bastante de casa, frequento diversos lugares e, com o Pokémon Go, o mundo virou meu playground. Eu de repente passava em uma igrejinha na qual nunca prestei muita atenção e ela se transformava em um grande ponto de batalhas onde eu competia por território com jogadores próximos de mim, onde eu me degladiava para ter o domínio da minha área e derrotar os times adversários. Um belo dia, peguei um Shiny pela primeira vez em anos, e me lembrei da adrenalina louca e gostosa de colecionar raridades e de não saber o que te aguarda quando você clica em um bichinho na tela.



 

Nesse ponto, eu decidi colocar meu código de amizade no Twitter, pra ver se alguém me adicionava e eu poderia novamente compartilhar a alegria de jogar com outros. De repente, eu tô recebendo presentes das Filipinas, depois da Argentina, depois da Espanha...

Cara, o seu dia a dia fica extremamente colorido e divertido quando você tem a oportunidade de trocar pontos turísticos com pessoas de outros lugares dessa forma, como se um fosse conhecendo a realidade do outro, como se meus olhos se abrissem para cotidianos que eu nunca vivi e talvez nunca vá viver. Essa sensação de que o mundo é divertido e de que nele está escondida uma gama de possibilidades que você só vai ter o prazer de descobrir se decidir instalar um aplicativo de bichinhos virtuais bobos é SENSACIONAL! Ela é MUITO gostosa, extremamente prazerosa. E, enquanto naquele início você tinha o vislumbre mas praticamente não tinha conteúdo, agora você tem conteúdo até dizer chega, bastante coisa pra fazer e uma Niantic preocupada em te manter ativo, tem inclusive uma super atualização vindo aí e sempre tá rolando algum evento.


 

Quando fiz, no meio desse ano, minha viagem pela Holanda, Portugal e Finlândia, com a qual quem acompanha meu canal e minhas redes já está familiar, o jogo se tornou ainda mais prazeroso. Eu literalmente descia em uma cidade aleatória e ia descobrindo os pontos turísticos e as coisas legais por meio do jogo, o Pokémon Go se tornou meu guia pelo mundo, e o mundo era infinitamente mais divertido com ele. Sinceramente, em meio ao cotidiano completamente destruidor que a sociedade atual faz de tudo para nos impor, tornar momentos pequenos divertidos é essencial, e nisso esse jogo ficou craque. Foi assim que, em pleno 2025, eu comprei até passe no jogo e hoje abro ele todo dia pelo menos um pouquinho, mesmo de volta ao Brasil.

É um absoluto deleite lembrar que, muitas vezes, nossa alegria de hoje está em algo que deixamos no passado. A vida é feita de momentos que, mesmo que pareçam isolados, se entrelaçam de forma deliciosa quando paramos pra pensar cuidadosamente neles.

Obrigado pela atenção, e vejo você por aqui novamente em breve!