Partindo de Weekly Shounen Jump e indo até quadrinhos coreanos, passando por gibis cancelados e por obras que se tornaram grandes sucessos, tem pra todos os gostos aqui. Então, antes que eu me empolgue demais nessa introdução, vamos nessa!
Ping-Pong Peril (2025 - 2 Volumes - Weekly Shounen Jump)
Como eliminamos dois deles no mês passado, esse é o único cancelado da Shounen Jump que aparece no texto. Ping-Pong Peril é um gibi de Ping-Pong absolutamente maluco que começa com partidas em um balcão de barzinho e uma casa de banho, e termina com um super empolgante jogo no espaço sideral, sem nenhuma espécie de exagero de minha parte.
Ok, talvez a parte do empolgante possa ser um pouco acima do tom, no entanto, reitero que isso depende completamente do gosto do freguês!!!
Pessoalmente, eu gostava dessa leitura. Nunca foi nada extremamente bem escrito ou acima da média, mas a vontade que o autor tinha de estar sempre surpreendendo e fazendo o Ping-Pong das formas mais excêntricas possíveis, somada com a criatividade que a obra conseguiu demonstrar, bem, isso me agradava demais. Até tivemos uma ilusão de que talvez o mangá poderia durar no começo, já que sua recepção online não foi tão ruim, só que logo ficou claro que não ia dar pra sobreviver em um ambiente tão competitivo como o da Jump, mesmo que ela esteja lotada de bombas hoje em dia. Bem, ao menos eu me lembrarei desse gibizinho de vez em quando, e espero que o autor encontre o sucesso futuramente.
Fuuka (2014 a 2018 - 20 Volumes + 1 Extra - Weekly Shounen Magazine)
Tá aí uma leitura que eu comecei de forma totalmente descompromissada, sem ter praticamente nenhum conhecimento prévio a respeito da obra, e que me fez sair dela com um turbilhão de sentimentos conflitantes e um zilhão de dúvidas na cabeça, tanto em relação aos temas que a obra aborda quanto ao que caralhos algumas partes desse mangá realmente queriam dizer. Mas, vamos lá, eu tenho a missão de resumir os mais importantes deles aqui para vocês.
Anos atrás eu li "Suzuka", mangá do mesmo autor, só que bem mais antigo e no geral com uma pegada diferente. Fuuka se apresenta como uma sequência de Suzuka, mas como as menções à obra anterior na maioria do tempo se resumem a pequenas piadinhas e momentos de fanservice, acho que é mais correto analisar esse mangá como uma peça própria e independente do que qualquer outra coisa. E, olhando pra ele dessa forma, eu estava curtindo bastante os primeiros volumes! É um romance escolar bem característico dessa era da Magazine, e que divide a atenção do amor com o tema da música, fazendo isso de forma natural e sem fazer parecer que nada ficou de lado, ao menos nesse sentido. A Fuuka é BEM mais legal que a Suzuka, que era uma menina insuportável que eu sinceramente não queria na minha vida nem pintada de ouro, a Fuuka consegue manter a parte da mãe que era charmosa e ainda adicionar uma camada de doçura e de personalidade própria extremamente bem-vinda. Somando isso com o excelente ritmo dos mangás do Seo, que no geral são leituras gostosas que fazem você nunca querer parar, posso dizer que eu tava virando fã dessa obra.
Aí, temos o elefante na sala. É muito provável que se você em algum momento da sua vida já ouviu falar desse mangá, saiba do que tô falando. Na verdade, o pessoal até se surpreendeu pelo fato de eu não saber, tive a experiência de leitura mais pura possível. A partir daí, Fuuka muda bastante e se torna uma obra sobre o luto e as formas de se lidar com ele, o que é uma questão SUPER COMPLICADA. Não sei se foi pelo formato que exige dramas contínuos e cada vez mais chocantes, se foi pela exigência dos leitores e da edição da revista ou se foi simplesmente pela forma como o autor gosta de escrever, mas, eu acho que Fuuka desrespeita bastante muitas das questões que levanta em relação ao luto.
E não é o tipo de desrespeito que finge que nada aconteceu ou que procura logo jogar para escanteio a questão. O que acontece é uma sequência de dramas de extremo mal gosto que tratam a morte de uma personagem como simples ferramenta de roteiro para gerar draminhas adolescentes em uma obra que se torna um novelão, do tipo mais barato possível. Existem sim momentos bons, principalmente no que tange a questão da música, e até por vezes fazem justiça a alguns temas sérios levantados. No geral, é uma obra que nunca fica MUITO ruim, mas é do tipo que vai minando a sua paciência aos poucos e faz você duvidar de sua própria opinião. Será que realmente tá havendo um desrespeito gigante aqui ou sou eu que estou sendo sensível demais? Se eu disser que cheguei a uma conclusão definitiva sobre isso eu estaria mentindo, mas posso afirmar categoricamente que diversos momentos do mangá me incomodaram, e um em específico é simplesmente o fim da picada.
Aí, se você somar isso ao fato da escrita aqui ser bastante seletiva e esquisita, Fuuka vai se tornando cada vez mais uma incógnita. Esse mangá adora levantar temas e logo ignorar eles, ou então voltar com eles vários capítulos depois e comentar como se já tivessem sido resolvidos ou definidos anteriormente. Sinceramente, quando o personagem que claramente havia sido definido como gay desde o início da obra aparece no final como bissexual e namorando com uma mulher sem NENHUM desenvolvimento da questão, foi um dos momentos em que mais ficou claro pra mim o tanto de furos que o roteiro de Fuuka possui. Mas olha, isoladamente, a parte de música não é ruim nem de longe, se é que isso vai servir pra alguém que souber ignorar tudo que já comentei.
Eu espero que essas considerações a respeito do mangá tenham ficado tão confusas na cabeça de vocês quanto na minha. E também espero que o próximo romance longo que eu escolha pra ler me deixe pensativo de forma mais positiva e saudável do que Fuuka deixou.
Sirens Won't Sing for You (2025 - 4 Volumes - Jump+)
Outro romance, mas esse felizmente não te faz duvidar de sua própria sanidade. É um gibi bonitinho sobre um mundo onde Humanos e Demi-Humanos existem na sociedade em conjunto, e nossa protagonista possui o desejo incontrolável de comer (Comer tipo canibalismo mesmo, sem piadinhas) a pessoa pela qual se apaixona. Esse cara pelo qual ela se apaixonou, por acaso, também faz parte de uma organização que lida com os problemas que Demi-Humanos causam e sofrem por aí, e é a partir daí que a história se desenvolve.
Eu já tinha lido um One-Shot desse autor chamado "The Upgraded Boyfriend" uns meses atrás na mesma plataforma e achei extremamente básico no pior sentido possível, então esse mangá foi uma surpresa relativamente positiva. É um romance bonitinho, com arte boa e de leitura rápida e dinâmica, contando com personagens divertidos e bons momentos. Não foi o suficiente pra cativar o público e acabou tendo um cancelamento relativamente rápido, o que certamente machucou a reta final, mas não me arrependo nem um pouco de ter acompanhado semanalmente esse gibizinho. Na torcida por um retorno triunfante!
Blue Proustian Moment (2025 - 3 Volumes - Jump+)
E vem aí mais um cancelado na nossa lista. Pro leitor desavisado, pode até parecer que eu tenho um dedo extremamente podre pra escolher o que acompanho, mas, quem tá familiarizado com as minhas outras aventuras no mundo da esquizofrenia recreativa sabe bem a razão disso acontecer. Acho que, no futuro, vou melhorar nesse sentido, ou talvez continue uma porcaria mesmo, faz parte da experiência humana.
Blue Proustian Moment é um daqueles mangás que jura que não é um romance entre garotas mas tem tudo e um pouco mais pra ser um, menos a consumação do romance de fato. A obra comenta fortemente o tema da gentrificação, de forma simples e crua, fica bem na sua cara o que está acontecendo e quais são os atores do jogo, mas o mangá em nenhum momento se torna pesado demais nesse sentido, o que acredito que foi uma boa sacada do autor. Só que, apesar de ter seus bons momentos e de abordar bem alguns temas, fica muito dolorosamente claro que Blue Proustian Moment é um gibi amador, e isso fica tão escancarado na escrita e na estrutura da história que já serve pra afastar o leitor menos tolerante nas primeiras poucas páginas. Certamente, isso não ajudou a sua sobrevivência, e ele durou o mesmo que um cancelado padrão da Weekly Shounen Jump duraria nos dias de hoje, mesmo sendo parte da revista digital.
King of Hell (2001 a 2015 - 55 Volumes - Comic Champ)
Sim, eu li cinquenta e cinco volumes de Manhwa em um mês, e não, eu não preciso da sua pena.
A conclusão na qual cheguei depois de terminar essa leitura é que King of Hell é o que esses atuais Webtoons sem roteiro e que se seguram puramente em momentos de AURA E EGO sonham em ser. Ele não tem um grande roteiro, a estrutura é extremamente simples e os arcos muitas vezes são voltas em círculos que nem sequer seriam necessárias pra avançar na história, e mesmo assim é divertido pra caralho. Os mais de cinquenta volumes passaram voando, e às vezes eu nem me dava conta e já tinha lido cinco de uma vez, é o suprassumo do gibi de batalha descompromissado coreano, ao menos dentro do meu repertório atual.
A coreografia de combate é o que mais me chamou atenção desde o início. Além de ser totalmente divertido e intuitivo de se acompanhar, você consegue facilmente entender tudo que está acontecendo e se empolgar com os combates, flui de forma tão natural que parece que você está assistindo uma animação das mais legais, mesmo com muitos dos combates repetindo movimentos frequentemente. Aliás, se tem uma crítica que posso fazer é que eu penso que King of Hell poderia ter uns dez volumes a menos se ele realmente tivesse se importado em cortar os combates mais redundantes e desnecessários, considerando que a obra só tem realmente duas grandes sagas e que boa parte delas é de encheção de linguiça, que, mesmo sendo legal, não deixa de ser encheção de linguiça. Só não julgo tanto isso pelo fato de eu não conhecer a natureza da publicação em que esse Manhwa tava saindo, não sei qual era a concorrência, qual era a influência externa no andamento da obra e nem qual é o padrão do que era publicado por lá.
King of Hell foi publicado oficialmente em inglês por uma boa quantidade de volumes, mas acabou sendo cancelado quando sua editora entrou em falência. Posteriormente, quando ela voltou, não retomou sua publicação, e é provável que nunca vá. Felizmente, a comunidade dedicada do título traduziu tudo, então dá pra ler sem maiores dificuldades, e eu recomendo bastante, se você gostou do que leu nessa seção do texto.
Jujutsu Kaisen (2018 a 2024 - 30 Volumes - Weekly Shounen Jump)
Que tal sair de um Manhwa sobre o qual nenhum de meus leitores ouviu falar e ir direto pra uma das maiores sensações do mundo atual, que acabou de fazer bilheterias sensacionais pelo mundo mesmo lançando um filme que é basicamente uma compilação de episódios glorificada. Acho que isso seria uma coisa bem Mugiwara no Goku™ de se fazer.
Vou dispensar uma introdução a respeito de Jujutsu Kaisen e ir direto pra carne dos meus comentários, como acho que é melhor fazer.
Acho que Jujutsu é um mangá de altos e baixos, mas que no geral é competente em ser um Shounen de porradinha com energia e personagens interessantes. No começo ele demorou pra chamar a minha atenção, mas lá para o final do que é equivalente ao encerramento da primeira temporada do anime, eu estava relativamente investido e com vontade de saber mais sobre esse universo. O arco de Shibuya, que é hoje constantemente comentado como um dos suprassumos do Battle-Shounen atual, é pra mim claramente o ponto mais alto da obra, com os melhores combates, a maior criatividade e que melhor sabe trabalhar os temas da obra, desde o momento da aparição do Sukuna até suas consequências, que são super bem trabalhadas. Obviamente não vou ser um emocionado e colocar Shibuya como um dos melhores arcos da história, agora, ele é acima da média do que Jujutsu apresenta, e pra mim a forma como o anime lidou com o mesmo o tornou absurdamente mais marcante, desde a extensão de alguns combates até a direção extremamente inteligente.
A partir do arco do jogo do abate, no entanto, que é o que vai passar a aparecer na nova temporada do anime, esse mangá tem uma decrescente preocupante, que não o estraga, mas o torna pior do que estava antes. O "Culling Game" é um dos mais famigerados combates de "randolas" da história, e é também o momento em que Gege Akutami começa a querer punhetar seu próprio sistema de poder e o apresentar como muito mais complicado e intrigante do que ele realmente é, e a consequência prática disso é a massa de leitores afirmando categoricamente que não entendeu porra nenhuma, mas que achou legal. O que salva um pouco esse arco são os poderes divertidos, como o domínio que simula uma visual novel, por exemplo.
Por fim, temos o Gojo Vs Sukuna, que posteriormente vira grupo de garis da esquina Vs Sukuna. Nesse momento o punhetaço em favor do sistema de poder está tão insano que eu não sei como até hoje o autor não lançou um guia para convencer o leitor do quão geniais foram as milhões de sacadas a respeito do domínio que quebra e volta e aí quebra de novo e aí é cancelado e [...]. Não é uma luta tão ruim, mas não se compara com o que foi apresentado em Shibuya, e se torna uma enrolação absurda lá pro volume 28, tornando a finalização da obra relativamente pouco impactante, na minha humilde opinião.
Jujutsu é um mangá de altos e baixos. Agora, posso dizer que na maioria do tempo eu tava me divertindo, e que leria novamente em outro momento da minha vida. A sequência que tá saindo atualmente, o "Jujutsu Kaisen Módulo" promete (e, até o momento, está cumprindo) ser muito mais intrigante e cuidadosamente escrita, então é nisso que estou focando minhas energias.
Carnaval Glare (2013 - Volume Único - Blade Online)
Em mais um episódio de volumes únicos aleatórios que de alguma forma chegaram em terras tupiniquins, temos Carnaval Glare, um mangá sobre bruxas e caça às bruxas e coisas desse tipo. Me pergunto se o fato de ter carnaval no nome teve alguma coisa a ver com a escolha da Nova Sampa de publicar esse volume. Será que teve? Eu sinceramente não consigo imaginar nenhum outro motivo relevante.
Comprei esse mangá na Bienal desse ano e até pouco tempo atrás ainda não tinha lido. Cheguei a mostrar em um vídeo, mas admito que demorei pra de fato pegar pra ler por não esperar muito dele, e, sem muitas surpresas, não é grande coisa. É uma obra com o ritmo extremamente esquisito e do tipo que, mesmo com roteiro super simples, muitas vezes o leitor tem trabalho de entender o que aconteceu e o que o autor quer dizer com tal cena, absolutamente destruidor pra um volume único como esse. Além disso, nada de interessante é feito com o tema e a leitura parece te levar do zero ao nulo, é uma experiência tão "normal", e ainda puxando pra ruim, que chega a doer.
A melhor parte é de longe a arte, e por isso não é de se surpreender que depois desse volume todos os trabalhos posteriores do autor foram apenas como artista, deixando suas capacidades de roteiro de lado. Ele conseguiu até ser publicado nos Estados Unidos, mas no Brasil jamais deu as caras novamente. Mais uma das jóias peculiares da defunta Editora Nova Sampa.
My Marriage to Saneka (2025 - 3 Volumes - Jump+)
Fechei minhas leituras do mês com mais uma obra que acompanhava semanalmente, de um autor com o qual já sou bastante familiar. Ele publicou, também na Jump+, "Romantic Killer" e "Me and my gangster neighbor", sendo que o primeiro desses dois ganhou uma adaptação em anime pela Netflix de relativo sucesso. Li os dois mangás e meio que virei simpatizante do trabalho do cara, enquanto Romantic Killer é na maioria do tempo só absurdamente sem graça, Me and my gangster neighbor evoluiu demais e se tornou uma das minhas melhores leituras no ano em que foi lançado, com seu elenco sensacional e leitura sensível de temas caros à sociedade contemporânea.
A terceira aventura do autor na Jump+ é um romance sobrenatural a respeito do casamento de um garoto e uma Yokai, que são fortemente ligados pela relação que o tio do garoto teve com diversas entidades da região, que vão aparecendo e se desenvolvendo conforme o enredo se aprofunda. É um mangá divertido e com bastante energia, sabendo acertar no romance e nas dinâmicas entre personagens, que mesmo sendo inúmeros sempre apresentam características únicas e boas interações.
Admito que a reta final é meio decepcionante, tentando introduzir um drama bem artificial e até mesmo pequenos elementos de combate. Ficou forçado e meio que manchou uma obra pequena que poderia muito bem ter se tornado mais redondinha e recomendável. Mantenho o gibi do vizinho gangster como meu favorito do autor, mas Saneka garante um sólido segundo lugar.
E esses foram meus comentários a respeito das leituras que finalizei no mês de novembro de 2025. Tenho a impressão que acabou ficando mais extenso que o do mês passado, mas acho que também tá mais interessante. Espero que tenha gostado, e te aguardo em uma próxima oportunidade aqui no blog!